O bambu é utilizado na fabricação de mobiliários e peças de artesanato e, ultimamente, é empregado, também, na construção civil devido à sua grande resistência, sendo conhecido como “aço verde”. Essa matéria-prima farta e gratuita, fornecida pela natureza, foi o tema de um curso de artesanato que a Corumbá Concessões realizou na comunidade Três Veredas, em Abadiânia, de 13 a 17 de maio, com o objetivo de levar qualificação e geração de renda aos moradores da área rural. A oficina faz parte do Programa de Educação Ambiental (PEA) e foi ministrada por um técnico do Serviço Nacional de Aprendizado Rural (Senar Goiás), em parceria com o Sindicato Rural de Alexânia (Sinpral).
Depois de saírem a campo numa mata próxima ao local do curso para fazer a coleta, os 12 participantes aprenderam três técnicas de trabalho com o bambu: inteiro, lascado e desfiado. Aprenderam, também, a fazer o tratamento natural das taquaras para prevenir ou combater a broca ou caruncho, que se alimenta do amido que fica na parte interna, através de cozimento ou pincelamento com substância oleosa.
Segundo o instrutor do Senar Goiás, Guaracy Freitas, o intuito do Senar é estimular as pessoas a utilizarem essa matéria-prima que é super-resistente e tem durabilidade superior a 100 anos. “Em culturas asiáticas, por exemplo, o bambu substitui ferragens de construção e, por ser flexível, é utilizado em construções de edifícios à prova de terremotos”, comentou. Os alunos deixaram fluir a criatividade e, a partir de modelos propostos pelo professor, confeccionaram peças básicas, como cestas de café da manhã, molduras, quadros, luminárias e bandejas.
Guaracy Freitas disse que artesanato de bambu pode render cerca de 100%, por se tratar de uma matéria-prima abundante, e quando as peças requerem o uso de outros elementos – a exemplo de vidro, fitas e flores -, o lucro pode ser de no mínimo 60%. “Em outros cursos que ministrei, observei que o retorno financeiro é muito bom, havendo casos de pessoas que estão sobrevivendo somente com a arte do bambu, com envolvimento da família no trabalho”, comentou.
O curso veio numa boa hora para Idelza Canuto de Oliveira e o casal José Maria da Silva e Maria Inês de Morais, que já fazem planos para ganhar dinheiro com esse tipo de artesanato. Entusiasmada com o que aprendeu, Idelza Canuto disse que vai aliar o artesanato com a confecção de doces caseiros, que ela aprendeu a fazer em oficina recente realizada na comunidade. Ela faz serviços gerais, mas reclama que o dinheiro anda sumido por ali. Como ela está desempregada, vai aproveitar para começar o seu negócio próprio, que há muitos anos vinha planejando. “Minhas irmãs e eu já estamos nos preparando para começar a fazer doces, comprando tachos de cobre, colheres de pau e embalagens. Ao mesmo tempo, vou ensinar a elas a fazer cestas de bambu, que vão ficar lindas junto com os doces, para vender como presente, por exemplo”, disse.
Sustentabilidade
“O bambu é uma planta muito interessante em termos de sustentabilidade, de modo que se a propriedade possui uma área plantada, ela fica suprida dessa madeira alternativa para diversos usos, como construção de instalações e móveis para a casa. Isto também significa economia para a família”, comentou a analista ambiental da Corumbá Concessões, Marinez de Castro. Outra vantagem, segundo ela, é que a taxa de rebrota anual do bambu, viabiliza a colheita periódica sem prejudicar a plantação. Ao contrário, quanto mais ele é cortado, mais tende a propagar-se.
Ao promover o curso em Três Veredas, a Corumbá Concessões considerou, ainda, o fato de que o bambu diminui a demanda do proprietário por outras madeiras, evitando corte de árvores. O curso atendeu à solicitação dos moradores, durante um levantamento socioambiental das comunidades do entorno do reservatório da UHE Corumbá IV, realizado no ano passado.
Ana Guaranys
Assessoria de Comunicação / Corumbá Concessões