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‘Olhamos para 2022 com um otimismo muito grande’

Um milhão de pessoas devem passar por Brasília até o final deste mês, quantitativo que inclui o período de festas de Natal e ano-novo. Os dados são da Inframerica, empresa que administra o Aeroporto Juscelino Kubistchek, e mostram que as perspectivas para o turismo na capital são muito boas para este ano de 2022.

“Tivemos um reposicionamento de Brasília como um destino reconhecido pelo Ministério do Turismo, pela Embratur e por vários institutos de pesquisa”, comenta a secretária de Turismo, Vanessa Mendonça. “Isso nos capacitou ao longo de 2021, inclusive para o lançamento de diversos produtos, que foi um outro diferencial muito grande.”

 Mesmo durante a pandemia, a Secretaria de Turismo (Setur) deu continuidade ao projeto Rotas de Brasília, investiu no artesanato candango, aproximou-se de outras cidades e estados por meio de acordos de cooperação técnica e incluiu a capital federal na disputa por sediar eventos nacionais e internacionais.

Em 2021, a Setur contou com fomento de R$ 34 milhões para ações. A expectativa é dobrar esse valor em 2022. Em entrevista à Agência Brasília, a secretária Vanessa Mendonça faz uma análise das ações do ano passado e fala sobre os futuros trabalhos da Setur.

Acompanhe, abaixo, os principais trechos da conversa.

Como a cidade se preparou para receber os turistas entre dezembro e janeiro?

Brasília está pronta para receber os visitantes do Brasil e do mundo. No aeroporto, já no desembarque no Centro de Atendimento ao Turista [CAT], estamos fazendo os testes de covid-19 gratuitamente para todos os visitantes. Isso demonstra a preocupação como destino seguro. Saindo do aeroporto, começa a jornada do turista que vai passar pelo Brasília Iluminada [em cartaz até o dia 30 deste mês], que é uma decoração maravilhosa. Nenhuma outra cidade tem uma decoração tão bonita. É uma experiência para a nossa população e para o nosso visitante. Nossos hotéis são absolutamente qualificados para acolher a todos. Nós nos preparamos, criamos novos roteiros. A cidade tem hoje um acolhimento e uma vivência muito clara de experiência para o turista.

Que roteiros são esses?

“Tivemos um reposicionamento de Brasília como um destino reconhecido pelo Ministério do Turismo, pela Embratur e por vários institutos de pesquisa”

Começamos a apresentar Brasília sob perspectiva de uma experiência em diversos segmentos. Por exemplo, nós lançamos a Rota do Rock, que foi um reconhecimento a esse movimento que nasceu em Brasília. Lançamos a coleção Rotas Brasília, sinalizando diversos roteiros, com as rotas Arquitetônica, do Cerrado, Náutica, Cultural, da Paz, Fora dos Eixos e Cívica. Nós disponibilizamos tanto o material impresso quanto o Google Earth, em português e em inglês. Com isso, nós nos preparamos de uma forma muito mais atraente para essa experiência da população e de quem chega de fora.
Além disso, temos parques maravilhosos e cachoeiras incríveis. Temos nas regiões administrativas pontos turísticos que são simplesmente monumentais, como é o caso do Santuário Arquidiocesano Menino Jesus, em Brazlândia. Nós temos em Planaltina um museu, uma igreja, uma praça… Nós procuramos mostrar os diversos segmentos, como o turismo gastronômico nas RAs [regiões administrativas], que oferece menus maravilhosos com toda a nossa diversidade do cerrado. Quando nós olhamos Brasília pelo turismo rural, é uma outra experiência magnífica. Obtivemos um crescimento de 70% no turismo rural. Elaboramos uma rota do enoturismo. São muitos eixos de desenvolvimento que construímos ao longo desses três anos e que têm realmente feito com que o Brasil olhe a sua capital.
A capital ficou na sétima posição como o destino mais procurado para o verão.

Como foi o processo de mudar a imagem turística de Brasília?

“Acredito que, mais do que um comercial, temos que promover Brasília por meio de ações concretas e roteiros que podem ser visitados”

São consequências de um trabalho que foi iniciado em janeiro de 2019, de resgate de uma cidade sob o olhar do turismo. O nosso governo assumiu com os pontos turísticos malcuidados e fechados, como a Torre de TV, a Torre Digital e o Centro de Atendimento ao Turista –uma visão de Brasília muito ruim, de uma cidade simplesmente vista como uma sede administrativa. Fizemos um trabalho de resgate, de poder colocar todos esses primeiros pontos turísticos e os CATs na Praça dos Três Poderes, no Aeroporto e no Setor Hoteleiro em funcionamento. Fizemos a reforma nos CATs e da Torre de TV, e os processos de PPPs [parcerias público-privadas] no Mané Garrincha e na Torre de TV Digital. Uma série de obras e ações que devolveu à população essa possibilidade de viver a experiência de Brasília, porque a cidade precisa ser boa primeiro para a população. Se é, vai ser infinitamente melhor para o turista. Começamos com ações muito importantes em 2019. Ao longo de 2020, mesmo com a pandemia, não paramos. Tivemos um reposicionamento de Brasília como um destino reconhecido pelo Ministério do Turismo, pela Embratur e por vários institutos de pesquisa. Isso nos capacitou ao longo de 2021, inclusive, para o lançamento de diversos produtos, que foi um outro diferencial muito grande.

Também houve cooperação com outros estados?

Sim, outro fator muito importante foi termos sido reconhecidos pelo Ministério do Turismo como case de turismo nacional. Isso nos possibilitou receber ao longo de todo esse ano inúmeros prefeitos de diversos municípios de todo o Brasil. Estivemos em São Luís [MA], Recife [PE], Belo Horizonte [MG], no interior de Minas [Gerais], no Rio de Janeiro, em Vassouras, criando uma promoção da nossa cidade. Acredito que, mais do que um comercial, temos que promover Brasília por meio de ações concretas e roteiros que podem ser visitados. Faz muita diferença.

O artesanato foi muito forte em 2021. Por que apostar nesse segmento?

“Queremos não só captar o evento, mas trabalhar para que o organizador que chega de fora contrate, se possível, 100% da mão de obra daqui”

Eles [os artesãos] estavam absolutamente esquecidos, não havia uma política pública voltada para o artesanato. Começamos um trabalho de abrir espaços para que eles pudessem comercializar os produtos. Em todo e qualquer evento ou projeto apoiado pela Secretaria de Turismo, há que se ter um espaço cedido para que o artesão. Nós tivemos ao longo desse período mais de R$ 2 milhões comercializados pelos artesãos nesses eventos. Elaboramos novos espaços, como a nossa loja no Pátio Brasil, em que recebemos em torno de 30 artesãos. A cada cinco meses, por meio de edital, esse número se renova para que outros tenham oportunidade. São produtos maravilhosos e absolutamente reconhecidos. Temos outra loja no Alameda [Shopping] e partimos para as regiões administrativas. Tivemos a participação dos nossos artesãos em feiras nacionais, a exemplo de Olinda [PE] e de Belo Horizonte [MG]. Pela primeira vez, eles foram sem ter que pagar para transportar os produtos – o que tornava inviável, representava até R$ 12 mil de despesa. Conseguimos reativar um caminhão e buscar na casa do artesão o produto e levar para os locais. O mais bonito foi ver todas essas pessoas levando Brasília para fora. Essa foi a minha preocupação, multiplicar os locais onde os produtos podem ser facilmente encontrados. Criamos plataformas on-line. Hoje, a Carteira do Artesão é emitida e entregue por nós.

Qual é a expectativa do turismo de eventos?

Estamos trabalhando de forma muito intensa, mas, claro, seguindo todos os protocolos. O próprio governador esteve em Portugal, e nós recebemos toda a comitiva do Web Summit. Estamos disputando eventos nacionais e internacionais, feiras. A nossa vantagem é muito grande. Temos um aeroporto maravilhoso. É o único com voos diretos para todas as capitais no centro do país. Do aeroporto para um hotel, são 20 minutos. Temos uma rede hoteleira extremamente qualificada e diversificada. Temos profissionais na área de eventos muito qualificados. Queremos não só captar o evento, mas trabalhar para que o organizador que chega de fora contrate, se possível, 100% da mão de obra daqui.

O que podemos esperar de ações este ano para o turismo?

Já temos várias rotas programadas para ser lançadas até o final do ano. Uma que eu já adianto é a Rota sobre Rodas, que foi elaborada para os motociclistas. São quatro eixos que já foram construídos; nós desejamos apresentar as nossas paisagens para esse mototurista que se reúne em eventos como o Capital Moto Week. Vamos lançar uma rota de turismo religioso unindo Brazlândia, Ceilândia e Taguatinga – Caminho da Fé. A exemplo do que ocorre em Trindade [GO], nós teremos uma via-sacra. Lançaremos o primeiro painel, serão 14. Foi possível com uma emenda do deputado Iolando Almeida e um projeto de lei sancionado pelo governador [que cria o roteiro]. Foi publicado o edital para a contratação da marina pública. Estive em São Paulo, no São Paulo Boat Show, e nós acreditamos muito na capacidade de desenvolvimento do turismo náutico, que gera tanto emprego. Uma lancha representa até seis empregos diretos.

E o calendário das feiras, permanece?

Será ampliado. Nós estamos com um cronograma de feiras que vão acontecer nesses primeiros meses, tanto no Plano Piloto quanto nas RAs. Fizemos agora a Feira do Artesanato em Planaltina, faremos em Ceilândia e em cada uma das RAs. Teremos a segunda edição da Feira da Uva. Estamos com o Turismo Cívico Pedagógico com uma programação muito intensa, no sentido dos estudantes e professores dos estados com os quais assinamos o acordo de cooperação técnica. Nós temos um projeto de qualificação dos motoristas de transporte.

O turismo de negócios é uma vocação de Brasília?

Há uma programação de participação de Brasília em feiras internacionais e nacionais, uma ação de promoção on-line e off-line da nossa cidade. Temos eventos na área médica que vão movimentar a cidade. Costumamos falar que, para cada visitante que chega a Brasília para o turismo de eventos e negócios, o tíquete médio mínimo é de R$ 800 por dia. Imagine um evento com 5 mil pessoas; a injeção de recursos é muito importante. Temos uma programação de ações bastante intensa.

De quanto será o investimento para essas ações?

Em 2021, nos eventos que executamos, foram mais de R$ 30 milhões de recursos. Nós temos uma perspectiva de dobrar esse valor de fomento da Setur. Este [2022] é um ano que nós temos programado, por meio de todos os tipos de investimento, um retorno maior da economia. Estamos otimistas com o movimento programado –considerando nossa taxa de vacinação – para o setor. Quando eu digo turismo, estou falando de 52 atividades econômicas – bares, restaurantes, transporte turístico, táxis, motoristas de aplicativos, hotéis, centros de eventos, bufês, produtores de eventos e festas, toda uma cadeia produtiva. Olhamos para 2022 com um otimismo muito grande.

ADRIANA IZEL, DA AGÊNCIA BRASÍLIA | EDIÇÃO: CHICO NETO