Por ocasião do dia das mães eu não poderia deixar de registrar meu singelo apreço por essas criaturas tão especiais, independentemente de serem mães biológicas ou não. Na verdade, uma mãe é sempre uma mãe.
Estou cônscio de que quaisquer palavras que aqui se colocar encontram-se carregadas de emoção, isso ocorre até mesmo involuntariamente. Por ocasião do dia das mães considera-se natural que, em regra, brotem as melhores lembranças do convívio familiar, especialmente em torno da figura materna.
Não posso deixar de lembrar da figura forte de uma mãe diante dos momentos adversos que aparecem durante a vida. Gosto de lembrar de uma passagem bíblica ocorrida por ocasião da páscoa judaica.
O Evangelho de Lucas registra que quando Jesus completou doze anos foi para Jerusalém à festa da Páscoa. Quando a festa terminou, seus pais retornaram para Nazaré, na Galiléia, mas Ele ficou no templo ouvindo os doutores e interrogando-os. Depois de um dia de viagem seus pais sentiram sua falta e voltaram para Jerusalém. Três dias depois o acharam no templo. Sua mãe lhe disse: “Filho por que procedeste assim para conosco? Eis que teu pai e eu ansiosos te procurávamos.” Repondeu-lhes Ele: Por que me procuráveis? Não sabíeis que eu devia estar na casa de meu Pai?” Eles porém não entenderam as palavras que lhes dissera. E Ele desceu com eles para Nazaré. Informa o Evangelista que “sua mãe guardava todas estas coisas em seu coração.” (Lc 2.51).
Para mim essa expressão sempre me intrigou: sua mãe guardava todas estas coisas em seu coração. Hoje penso com os meus botões: existe algum outro lugar em que uma mãe possa guardar os fatos referentes aos seus filhos se não for no seu coração?
Na realidade, mãe é a primeira e melhor professora, mesmo que os filhos ainda não freqüentem uma escola. Com ela os filhos aprendem os melhores e maiores valores que os acompanharão durante todas as suas vidas.
Por outro lado, o lar é a primeira e melhor escola. Aquilo que se aprende em casa é algo de valor inestimável. É o que tornará o ser humano alguém o mais ético possível, durante toda sua existência.
Sempre que estou com a minha mãe costumo dizer que ela é a melhor mãe que tenho no mundo inteiro. Ela, candidamente, me responde: – É só a que você tem. Talvez seja por isso mesmo que eu diga isso. O nome da minha mãe? – Maria de Nazaré Barros.
Amor de mãe é único, porque mãe só se tem uma. Quem teve a sorte de ter duas ou mais, uma biológica e outra(s) que se guarda(m) no coração, é felizardo(a).
Para fechar este singelo texto, faço a transcrição parcial da dedicatória feita pelo Presidente Juscelino Kubitschek à sua mãe, D. Júlia Kubitschek, do livro PORQUE CONSTRUÍ BRASÍLIA, onde ele diz o seguinte:
“Nunca hei de esquecer que, a 21 de abril de 1960, em Brasília, contemplando a cidade que estava sendo inaugurada, minha mãe alongou o olhar para o horizonte recortado de edifícios de concreto armado, e fez este reparo, com o orgulho generoso que as mães sabem ter:
– Só mesmo Nonô seria capaz de realizar tudo isso!
Na realidade, tudo o que sou, como cidadão, como brasileiro, como homem público, à minha Mãe o devo. Viúva aos vinte e três anos, ela só viveu para o seu trabalho e a educação de seus dois filhos. Nunca teve uma palavra de desalento, mesmo nas horas mais difíceis. Graças à sua tenacidade, abri caminho na vida. E foi no seu exemplo que me inspirei para realizar o meu destino. Sem a sua lição diante dos olhos, eu não teria feito Brasília. A ela, este livro é dedicado.”
Moacir Barrros é professor, escritor e advogado público