Nesses dias que começa a estação chuvosa na Região Centro-Oeste lembrei-me de Martin Luther King autor da célebre frase célebre I have a dream (numa tradução livre, eu tive um sonho). O sonho dele, em síntese, era de uma sociedade fraterna, sem preconceitos raciais ou sociais.
Eu também tenho um sonho. O meu sonho é simples: que as coisas (serviços públicos) funcionem melhor no meu país. Ou seja, que a realidade funcione como as propostas dos candidatos a cargos públicos eletivos, ou seja, na perfeição que somente acontece no mundo da idéias, de forma platônica.
Sinceramente, sonho com o dia em que os hospitais públicos não estarão cheios por que os pacientes foram todos atendidos. Sonho com escolas públicas de qualidade, onde os professores estejam satisfeitos com as suas condições de trabalho e remunerações; os auxiliares de educação encontrem-se profissionalmente realizados e toda a comunidade escolar encontre-se em um ambiente de convívio social harmônico, pacífico, ordeiro, alegre, lúdico, e muito instrutivo.
Sonho com o dia que os responsáveis pela segurança pública não tenham tanto trabalho, não sejam sobrecarregados com tantas cobranças de resultados feitas pelos superiores hierárquicos, e ainda, que os cárceres não estejam tão cheios como se encontram agora, e o meu país não mais ostente a desonrosa posição de terceiro lugar na quantidade de pessoas presas. Que se possa ouvir e dar crédito ao que o filósofo grego Pitágoras já dizia: “Eduque-se as crianças para que não seja necessário castigar os homens.”
Mas para ser franco, do meu sonho de melhorias sociais relativas à qualidade de vida das pessoas, parece que a única que realmente funciona são os pardais. Os pardais a que me refiro são os eletrônicos. Aqueles que se encontram colocados ao longo das rodovias para multar os desavisados, os incautos ou os imprudentes.
Esses pardais já se encontram em um estágio tão grande de desenvolvimento tecnológico que são operados por drones, com poderosas câmeras de filmar e fotografar placas de veículos com distância superior a um quilômetro.
O meu sonho resume-se nisto: que as escolas, os hospitais, as delegacias, e demais órgãos públicos, funcionem tão eficientemente quanto os pardais (vinte e quatro horas por dia) e praticamente sem a possibilidade de cometerem erros. Aí sim, teremos um país com a qualidade de vida próxima das nações mais desenvolvidas do mundo.
MOACIR BARROS é professor, escritor e advogado público federal.