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Pioneiro em cirurgia de diabetes, DF atende 1,4 mil pacientes

O Distrito Federal é a primeira unidade da Federação a realizar a cirurgia metabólica para o diabetes na rede pública de saúde. Desde julho de 2019, quando o procedimento passou a ser feito na capital federal pelo Sistema Único de Saúde (SUS), 14 pacientes já fizeram a operação e outros 1,4 mil estão sendo preparados para se submeter à intervenção que controla a doença, quarta causa de mortes no Brasil.

As primeiras cirurgias foram realizadas no Hospital Regional de Santa Maria (HRSM), mas o hospital de referência é o Hospital Regional da Asa Norte (Hran). Todos os procedimentos passarão a ser feitos lá quando acabar a pandemia de Covid-19.

A operação é indicada para quem tem diabetes tipo 2, quando o pâncreas não produz insulina suficiente para manter as taxas de glicose normais no sangue. Trata-se de uma doença adquirida e, normalmente, está relacionada a sobrepeso, sedentarismo, triglicerídeos elevados, hipertensão e hábitos alimentares inadequados.

Se o pâncreas do paciente não funcionar mais – o que acontece quando a pessoa nasce com diabetes ou fica muitos anos sem procurar tratamento –, a cirurgia não é indicada. “Não mexemos no pâncreas durante a intervenção. Ela é feita no estômago e no intestino de forma a modificar o trânsito do alimento, fazendo com que o organismo absorva menos glicose, o que já diminui os índices glicêmicos. Isso também estimula a produção de insulina pelo pâncreas”, explica o médico Renato Teixeira, coordenador do Serviço de Cirurgia Metabólica da Secretaria de Saúde.

“Se o pâncreas não produz insulina a cirurgia não adianta”, salienta.

O objetivo do procedimento é controlar o diabetes. Renato Teixeira afirma que a grande maioria dos pacientes não precisa usar mais medicamentos após o procedimento, seja insulina ou remédios orais. “Em um pequeno percentual ainda é necessário o uso de medicamentos. Mas tem paciente que toma medicamentos e mesmo assim a glicose não fica sob controle. A cirurgia é para esses”, diz. “Porque o grande perigo do diabetes é essa falta de controle, que pode levar o paciente à morte”, ressalta.

Risco de morte

A taxa de glicose normal, medida em jejum, pode variar entre 70 e 100. Se a glicemia em jejum der acima de 140 por mais de uma vez ou for acima de 200 uma única vez o paciente já é considerado diabético. A glicemia de jejum costuma ser feita em campanhas contra o diabetes por ser mais simples. Basta furar o dedo.

Mas, diagnósticos normalmente são feitos depois de um exame chamado dosagem de hemoglobina glicada, que estabelece um parâmetro melhor, pois faz uma média de três meses da taxa. Glicemia acima de 300 pode tornar o sangue muito ácido e causar cetoacidose diabética, o que pode levar o paciente ao coma e à morte.

Preparação psicológica

Assim como a bariátrica, a cirurgia metabólica exige uma preparação dos pacientes por uma equipe multidisciplinar, o que costuma levar cerca de oito meses. Nesse período é preciso ter acompanhamentos de cardiologistas, nutricionistas, psicólogos e até psiquiatras. “É semelhante à bariátrica. O paciente diabético deve seguir uma dieta especial, seja ele operado ou não. Mesmo depois da cirurgia ele deve ter uma alimentação balanceada e extremamente controlada”, diz o coordenador de cirurgias metabólicas.

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A cirurgia metabólica é um tratamento para diabetes autorizado pelo Conselho Federal de Medicina em 2017. Até o ano passado, porém, o procedimento era feito apenas em hospitais particulares. O DF é pioneiro a esse respeito: foi a primeira unidade da Federação a fazer a operação na rede pública. Atualmente, pelo menos mais três estados – Bahia, São Paulo e Paraná – também fazem a cirurgia pelo SUS.

Pacientes interessados em se submeter à cirurgia metabólica devem procurar, inicialmente, uma Unidade Básica de Saúde (UBS). O médico clínico pode encaminhar para o tratamento depois de avaliar o paciente.

A Secretaria de Saúde vai promover, dia 11 de julho, um webinar (transmissão via internet) para comemorar o primeiro ano de experiência com a realização das operações. Ele terá a participação de médicos da França, dos Estados Unidos, de São Paulo e do Paraná, além da equipe do DF. O link da transmissão será divulgado para os médicos da família e para os que tratam pacientes com a doença.

Nesta sexta (26), é comemorado o Dia Nacional do Diabetes, data que surgiu em parceria entre o Ministério da Saúde e a Organização Mundial da Saúde (OMS). O objetivo é conscientizar os brasileiros sobre a doença, que afeta 10% da população de todo o mundo.