As empresas que desejem receber investimentos devem se preocupar cada vez mais com três pilares que passaram a dominar o mundo dos negócios: E (“environment” – meio ambiente), S (“social” – social) e G (“governance” – governança corporativa).
A empresa Black Rock, que gere quase 7 trilhões de ativos no mundo, atuou para remover 4800 diretores em 2700 empresas que não atuaram em prol da questão da sustentabilidade. Os números são elevados e demonstram o quanto a questão se tornou relevante para os donos do dinheiro.
Naturalmente, como ocorre em geral a partir dos critérios adotados pelos investidores, esse tipo de postura vai se popularizando e tornando dominante. Assim, as empresas vão tornar-se cada vez mais criteriosas com a sua atuação, até porque, na outra ponta, o mercado consumidor vai exigindo cada vez mais um posicionamento claro dos fornecedores de produtos e serviço, simplesmente rejeitando aqueles que não adotam valores com os quais se identificam.
“No Brasil, o “E” e o “S” já vem sendo discutidos com alguma propriedade nos meios empresariais e medidas concretas podem ser encontradas nas principais empresas. O “G” ainda se encontra na infância, especialmente porque a maioria dos nossos “CNPJ”s, ou são de empresas familiares ou empreendedores individuais”, explica Emanuel Pessoa, advogado, especialista em Governança Corporativa, Economia Internacional, Negociação de Contratos, Inovação e Internacionalização de Empresas.
Contudo, o interesse crescente em aumentar o valor das empresas na busca de um “exit” e a consequente procura por investidores profissionais estimulam cada vez mais a adoção de critérios robustos de governança corporativa. O Brasil pode não ter se tornado um país rico, mas nossas corporações emulam cada vez mais o profissionalismo e responsabilidade socioambiental das suas contrapartes.
“Porque Larry Fink demitiu 4800 CEOs de 2700 empresas? A explicação do gestor da Black Rock, que administra mais de 7 trilhões de dólares de ativos, é simples: “Acreditamos que, quando uma empresa não está efetivamente abordando uma questão material, seus diretores devem ser responsabilizados. No ano passado, a BlackRock votou contra ou reteve votos de 4.800 diretores em 2.700 empresas diferentes. Quando acharmos que as empresas e conselhos não estão produzindo divulgações de sustentabilidade eficazes ou implementando estruturas para gerenciar essas questões, vamos responsabilizar os membros do conselho”. Em 2018 ele avisou, em 2019 ele avisou de novo e em 2020 ele demitiu. Larry Fink está demonstrando que há um novo paradigma no mercado e que empresas que não reconhecem adequadamente seus riscos ambientais representam riscos para a toda sociedade e para os investidores. Ele está correto. CEOs devem ser responsabilizados se não forem capazes de entender o quanto as mudanças climáticas podem afetar seus negócios. CEOs não podem se dar ao luxo de serem negacionistas. A boa notícia é que estão abertas 4800 vagas para diretores com consciência social e ecológica.” (James Marins)
Emanuel Pessoa – advogado, especialista em Política Econômica Internacional e Negociação de Contratos, Inovação e Internacionalização de Empresas. É Mestre em Direito pela Harvard Law School, Doutor em Direito Econômico pela Universidade de São Paulo, Certificado em Negócios de Inovação pela Stanford Graduate School of Business, além de ser Bacharel e Mestre em Direito pela Universidade Federal do Ceará. O profissional ainda ensina Negociação Avançada em cursos executivos. Com um escritório sediado em São Paulo, atende clientes de todo o Brasil e do exterior. Seu propósito é fazer das empresas brasileiras companhias globais.