Distante 420 quilômetros de Goiânia, Mineiros é um dos maiores municípios do estado de Goiás em extensão territorial. As comunidades rurais, que reúnem 10% dos 65 mil habitantes, são dispersas e ficam longe da área urbana, onde se concentram os equipamentos de saúde. Para levar atendimento a essas comunidades, caravanas com médicos, enfermeiros, dentistas, psicólogos, assistentes sociais e técnicos da área da saúde percorrem a zona rural do município.
Os profissionais fazem palestras, ouvem as queixas dos moradores, examinam as pessoas, aplicam vacinas, fazem testes rápidos e distribuem medicamentos. O programa Cultivando Saúde, desenvolvido pela rede pública de Mineiros, é apontado pelo Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), como uma referência de práticas bem-sucedidas do SUS e foi premiado na edição deste ano da mostra Brasil, Aqui Tem SUS.
O programa foi implantado em 2014 e conta com a participação, além dos profissionais da saúde, de sindicatos e associações rurais e órgãos públicos de assistência, como a Emater e a coordenação do Bolsa Família. “O município é grande e tem zonas rurais distantes uma das outras. Mesmo que tivéssemos UBS [Unidade Básica de Saúde] na zona rural, não chegaríamos a toda a população”, afirmou a dentista Janine Carvalho Martins, idealizadora do programa.
Segundo Janine, que é coordenadora de Saúde Bucal da rede pública de Mineiros, o programa foi criado para levar à zona rural os serviços da Estratégia de Saúde da Família realizados na cidade. A chegada da caravana da saúde às comunidades rurais é um evento que reúne também atividades culturais, esportivas e de lazer. Em média, entre 250 e 300 pessoas são atendidas, mas já houve casos de serem 400 atendimentos.
Cada ação envolve, além dos profissionais, uma unidade móvel com consultórios médicos e odontológico, uma ambulância e veículos para transportar os servidores e o material necessário à atividade. Entre os testes feitos estão os de sífilis, HIV, hepatite B, glicemia e PCA (para detectar câncer de próstata). Após a ação, a unidade móvel permanece na comunidade para dar continuidade aos atendimentos.
As ações básicas de saúde em Mineiros têm uma cobertura de 95% da população, segundo dados da prefeitura, que mantém um hospital municipal, com capacidade para atendimentos de baixa e média complexidade, além de quatro estabelecimentos privados conveniados do SUS. A rede pública inclui 11 unidades básicas de saúde, 22 equipes do programa Saúde da Família, uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), um centro de reabilitação, um Centro de Especialidade Odontológica (CEO), uma base do Samu e um Centro de Atenção Psicossocial (Caps).
O município destina 24% da receita para a saúde, acima do mínimo constitucional que é 15%. A previsão é que em novembro, o hospital municipal inaugure a unidade de terapia intensiva (UTI).
Para reduzir mortalidade infantil, município no Paraná prioriza atendimento a gestantes
Em 2015, a mortalidade infantil em Marialva, município do centro-norte do Paraná com 35 mil habitantes, chegou a dez óbitos, o dobro em relação aos dois anos anteriores e acendeu o sinal de alerta na rede pública de saúde. “Percebemos que era necessário reorganizar o atendimento às gestantes”, contou a enfermeira Patrícia Hernandes, gerente da Atenção Básica da rede municipal de saúde. E o resultado positivo veio já no ano seguinte, quando o número de óbitos caiu para zero.
Neste ano, a experiência de Marialva foi premiada pelo Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), na mostra Brasil, Aqui Tem SUS. As mudanças no atendimento às gestantes começaram a ser implantadas no fim de 2015. “Percebemos que a assistência não estava chegando a todas as gestantes e precisávamos melhorar esse atendimento”, afirmou Patrícia.
O programa começou com a capacitação dos profissionais de saúde da rede pública, passou pela adoção de um protocolo de atendimento e culminou com a descentralização dos cuidados com as futuras mães. Segundo Patrícia, o atendimento das gestantes até então era realizado nas clínicas da mulher pelos ginecologistas. “As gestantes não tinham vínculo com as equipes de Saúde da Família e perdíamos algumas no caminho, não conseguíamos acompanhar o final da gestão nem os primeiros tempos das crianças”, afirmou.
A solução foi descentralizar o atendimento, incluindo enfermeiros e clínicos gerais, deixando para os especialistas os casos de alto risco. Pelo protocolo de atendimento, as gestantes têm prioridade nas unidades de atendimento básico. Na primeira consulta, são recebidas por enfermeiras treinadas, que já solicitam os exames necessários. A partir daí são atendidas pelos clínicos gerais.
Após o nascimento, equipes de enfermagem continuam acompanhando a criança, para orientar as mães sobre amamentação e primeiros cuidados com o recém-nascido. Os números de óbitos, segundo Patrícia, vêm se mantendo baixos: cinco em 2017 e três em 2018.
Publicado em 21/09/2018 – 07:01
Por Luiza Damé – Repórter da Agência Brasil Brasília