O 14x Fercal foi inspirado no 32x SP, em que é feito um trabalho de comunicação comunitária em 32 municípios em que existe um jovem comunicador representante que desenvolve pautas e esse sempre foi o caminho que Priscila do Carmo planejou seguir. “Eu quero que o projeto tenha visibilidade, que a gente possa conseguir apoio, que os jovens possam ir para o mercado de trabalho”, ela explicou sobre como envolver os jovens sempre foi a principal preocupação.
Dentro do projeto existem oficinas e ações com jovens de 12 a 20 anos, em que são realizadas aulas de educomunicação e de áudio, fotografia e vídeo. Johnn Anjos, que participa do projeto 14x Fercal, explicou que essas oficinas, oferecidas pela UnB, trouxeram uma nova perspectiva para ele. Possibilitando ele e outros jovens a terem uma “fala”, uma “visão” e “uma voz”, afirmou o jovem.
A Fercal
A Fercal possui 64 anos, sendo assim, mais velha do que Brasília. Por ser uma cidade operária, ela é caracterizada, principalmente, pelas fábricas de cimento e pela agricultura familiar. Outra característica é a catira e a Folia de Reis, são marcas culturais fortes. A maior parte da população se concentra na comunidade do Engenho Velho, por ser o início da Fercal.
A região é composta por 14 comunidades ao todo, sendo elas: Rua do Mato, Engenho Velho, Bananal, Alto Bela Vista, Expansão Alto Bela Vista, Fercal I, Boa Vista, Catingueiro, Córrego do ouro, Ribeirão, Fercal II, Loberal, Queima Lençol e PA Contagem. Cada uma possui suas particularidades, como exemplificou Priscila, é comum existirem apelidos dentro da comunidade como forma de caracterizar o local, devido ao fato de não existir um endereçamento oficial.
Além disso, o projeto 14x Fercal possui dificuldades na reunião de dados referentes ao projeto e à região, os quais
estão acumulados e desatualizados. “Nosso problema está em resgatar todas as informações obtidas, tudo o que já conseguimos realizar e colocar eles em evidência. Pretendemos criar um site para disponibilizar essas informações”, cita Priscila.
Após a atualização dos dados, o projeto estará focado na produção de notícias “mesmo que seja em um jornal quinzenal ou mensal”. Entretanto, a falta de eletrônicos e equipamentos aparece como um empecilho para que os jovens sejam os monitores e trabalhem de forma integral para o projeto: “nosso maior desafio agora é ter equipamentos e o celular é um deles. Temos muito jovens que não tem celular e com esse empecilho, nós não conseguimos nem desenvolver oficinas de vídeo de bolso. Alguns também não tem internet em casa, então não tem como eles serem engajados em redes sociais”.
Em virtude desses traços tão específicos da região, Priscila do Carmo explica que é essencial entender a comunidade para se comunicar. Na Fercal existem problemas de acessibilidade e por ser uma área rural, não possui muitas redes telefônicas. Logo, “é muito importante a gente poder verificar na comunidade quais são os meios que funcionam, se essa comunidade tem acesso a internet ou se não tem, quais são as redes que elas acessam, se tem algum site que promove a comunicação local” para gerar uma comunicação efetiva e eficaz de forma interna e externa.
Por Milena Castro e Sandy Melo