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Projeto pioneiro da UCB leva internet a crianças de escola rural do DF

“Nos conectar com o mundo é um sonho sonhado há mais de 20 anos por muita gente”, disse Maria do Socorro, diretora da Escola Rural Sonhém de Cima, que recebeu na manhã desta quinta (06) a primeira sala de inovação tecnológica autossustentável do Brasil. Crianças que nunca tiveram acesso à rede agora contam com computadores de última geração conectados à internet via satélite e alimentados por energia solar. O projeto Educa.Tech Learning foi idealizado por pesquisadores da Universidade Católica de Brasília (UCB) em parceria com a Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAP/DF).

O professor Carlos Carrasco, responsável pelo Educa.Tech Learning e coordenador do Mestrado Profissional em Políticas Públicas da UCB, descreveu o momento como de muita alegria e felicidade. “Para nós é um dia muito feliz hoje, e não apenas para a região, que através desse projeto terá um ganho social. Não apenas para a escola, que terá um ganho na infraestrutura e desenvolvimento tecnológico, mas sobretudo para as crianças. Pelas crianças que hoje estão aqui e que nunca tiveram acesso à internet. Crianças que sentem que talvez para nós, a internet, jogos, aplicativos tecnológicos seja uma coisa do dia a dia. Mas as crianças que estão aqui talvez nunca sonharam. E esse projeto marca um momento histórico para esta escola”.

A estudante Luara, de 11 anos, agradeceu em nome de todos os estudantes. “Vai ajudar a todos aqui, saber lidar com a internet e saber mexer no computador. Tem alguns que nunca mexeram e vão ter a oportunidade de fazer isso na escola do campo. Aqui nunca teve sinal, acesso, não tem internet, essas coisas. Eu estou muito grata em nome de todos”.

“Promover um projeto como esse significa contribuir para que mais pessoas sejam alfabetizadas, letradas e incluídas digitalmente, sendo seres humanos melhores, mais humanizados. Porque o nosso mundo hoje precisa de pessoas, de gente boa, pessoas humanas, pessoas íntegras, com valores, mas também que sejam aptos a se desenvolverem digitalmente, porque esse é o mundo em que vivemos e tudo indica que será o futuro em que as novas gerações também viverão”, comentou o presidente do Conselho de Administração do Grupo UBEC, Padre Geraldo Adair da Silva.

A superintendente da área de Ciência, Tecnologia e de Inovação da FAP-DF, Renata Viana, aproveitou a ocasião para explicar às crianças como funciona o fomento a projetos de pesquisa e relembrou seu primeiro contato com o Educa.Tech Learning. “O professor Carlos foi lá bater na nossa porta com um papel cheio de informação, falando que o projeto é importante para muitas crianças que não têm acesso à internet hoje. E eu disse: como assim não tem acesso à internet? Todo mundo tem acesso à internet. E ele me explicou que não, que essas crianças não têm acesso à internet”, disse, reforçando que esse era o papel da FAP, destinar recursos a projetos que podem fazer a diferença na vida das pessoas.

Tudo pelo sinal
Pedir licença para subir no morro da propriedade vizinha tomando cuidado para não deixar os bois fugirem, andar mais de um quilômetro até a baia do cavalo e até subir na caixa d´água da escola. Todas essas situações foram citadas por Maria do Socorro para conseguir sinal de internet. Por esse motivo, a diretora não acreditou quando os pesquisadores da UCB foram até o local apresentar o projeto e dizer que era possível ter internet de qualidade na escola.

“Sou uma boa brasileira, não desisto. Mas quando chegaram falando que iam trazer internet, eu duvidei ainda um pouquinho. Eu falei: como assim? Aqui o disjuntor vive caindo, porque se a gente liga dois aparelhos a energia não comporta. E responderam que teríamos energia solar”, relembra a diretora.

Além de disponibilizar internet, o projeto vai utilizar também ferramentas de gamificação e aplicativos para aprimorar os estudos das disciplinas de matemática e português. Será realizado treinamento dos professores e avaliação periódica para acompanhar o progresso dos alunos e o impacto do programa.

Para Carrasco, o projeto já deu certo porque acredita que a inclusão digital pode mudar a vida de uma criança. Os objetivos principais vão além da infraestrutura de laboratório com computadores conectados. O propósito é aprimorar o desempenho educacional dos alunos, combater a evasão escolar e promover a inclusão digital”.

Crédito das fotos: Samuel Paz