Em uma ação repreensível do governo iraniano, os incidentes de perseguição religiosa contra os seguidores da Fé Bahá´í (bahá’ís) têm aumentado, não obstante as difíceis circunstâncias já enfrentadas por toda a população durante a crise de saúde global.
Nos últimos dias, dois Bahá’ís em Isfahan foram arbitrariamente presos; sete bahá’ís em Shiraz foram sentenciados com longas penas de prisão, as quais variam de um a treze anos; as penas de cinco bahá’ís em Karaj previamente sentenciados a um ano de prisão foram confirmadas na corte de apelação; outro em Ghaemshahr, sentenciado a onze anos, foi chamado para a prisão; e dois bahá’ís – um em Shiraz e outro em Karaj – libertados em razão da pandemia do corona vírus (COVID-19) foram chamados de volta à prisão, deixando-os numa situação vulnerável à doença. Isso apesar dos amplamente difundidos apelos internacionais para a libertação dos prisioneiros de consciência no Irã, tendo em vista correrem risco de morte associado a propagação da infecção nas prisões.
Aqueles sentenciados à prisão em Shiraz foram presos sob a alegação absurda de que seus esforços na área de meio ambiente e de educação para crianças caracterizavam “propaganda contra o regime” e “formação de grupos contra o regime”.
“A Comunidade Internacional Bahá’í está horrorizada com as sentenças aplicadas a esses indivíduos inocentes, os quais eram culpados de nada além de servir abnegadamente às suas comunidades”, disse Diane Ala’i, representante da Comunidade Internacional Bahá’í na ONU, em Genebra. “Num tempo em que o governo deveria estar encorajando e promovendo apoio mútuo e assistência entre os cidadãos, ao contrário, penaliza e condena aqueles que tentam ajudar outros”.
Dois bahá’ís que haviam sido libertados por meio de um indulto em razão da pandemia foram chamados novamente para a prisão nos últimos dias. “Esses indivíduos não são criminosos e eles não devem estar na prisão”, disse a Sra. Ala’i. “Durante a pandemia global, quando presídios são epicentros da infecção, colocar esses bahá’ís de volta na prisão é semelhante a condená-los à sentença de morte”.
Perseguição sistemática
Os seguidores da Fé Bahá´í no Irã – país onde nasceu esta religião – têm sido sistematicamente perseguidos desde a Revolução Islâmica no Irã, em 1979. Eles são barrados de numerosos negócios, cargos e empregos no setor público. A eles é negado o direito de estudar em universidades, são rotineiramente presos, interrogados e aprisionados, suas propriedades confiscadas, seus cemitérios profanados, e seus meios de subsistência privados são frequentemente interrompidos ou bloqueados – tudo por causa de suas crenças. A perseguição a esta, que é a maior minoria religiosa no Irã, tem sido amplamente documentada e condenada pelos organismos da ONU e pela comunidade internacional por quatro décadas.
“A comunidade Bahá’í não só compartilha das muitas consequências econômicas e de saúde da pandemia atual com o resto da população”, continua a Sra. Ala’i. “Mas também enfrenta níveis adicionais de pressão, lhe sendo negado o direito de ter empregos públicos, o de estudar em universidades, e tendo que suportar detenções arbitrárias e aprisionamento apenas por causa de sua fé. Esse é o tratamento abominável sobre uma comunidade inteira em um tempo em que vidas e subsistência no Irã já estão sob severa constrição”.
Brasil
“A Comunidade Bahá’í do Brasil também está bastante consternada com a situação dos bahá’ís no Irã”, afirma Renata Amado Bahrampour, assessora de Política Externa da Comunidade Bahá’í do Brasil. “Nesse período em que toda a humanidade está enfrentando privações dos mais diversos tipos em razão da pandemia, é inadmissível que, no Irã, os bahá’ís ainda tenham que suportar injustas e severas violações de direitos humanos”, pontua. “É nossa esperança que o chamado da ONU e de outros organismos internacionais para a soltura dos presos de consciência, incluindo os bahá’ís, seja ouvido pelo governo iraniano”, conclui.
Os dois bahá’ís aprisionados em Isfahan são Sr. Shahzad Hosseini e Sr. Shayan Hosseini. Os sete sentenciados em Shiraz são: Sr. Navid Bazmandegan, Sra. Bahareh Ghaderi, Sra. Soudabeh Haghighat, Sra. Niloufar Hakimi, Sr. Ehsan Mahboub, Sra. Noura Pourmoradian e Sra. Elaheh Samizadeh. Em Karaj são: Sr. Abol-Fazl Ansari, Sr. Rouin Kohansal, Sr. Mohammad Sadegh Rezaie e Sr. Rouhollah Zibaie. Os três bahá’ís chamados à prisão são o Sr. Ali Ahmadi, Sr. Nematollah Bangaleh e Sr. Farhad Fahandej.
Mais informações e contatos para entrevista:
· Renata Amado Bahrampour, assessora de Política Externa da Comunidade Bahá’í do Brasil
(61) 98107-8951 / 3255-2200
sasg@bahai.org.br www.bahai.org.br
Ana Lúcia dos Guaranys – Jornalista (61) 98228-5219