Medicamento é coisa séria, pois o uso de forma errada pode trazer danos à saúde. O uso irracional ou inadequado de medicamentos é um dos maiores problemas em nível mundial. A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que mais da metade de todos os medicamentos são prescritos, dispensados ou vendidos de forma inadequada, e que metade de todos os pacientes não os utiliza corretamente.
Para lembrar a importância deste cuidado, o Ministério da Saúde instituiu o Dia Nacional do Uso Racional de Medicamentos, celebrado no último domingo, dia 5. O objetivo é ressaltar o papel do uso indiscriminado de remédios e a automedicação como principais responsáveis pelos altos índices de intoxicação por remédios. A automedicação traz riscos à saúde, pois a ingestão de substâncias de forma inadequada pode causar reações como dependência, intoxicação e até a morte.
Dados do Centro de Informações Toxicológicas da Secretaria da Saúde de Goiás (CIT/SES-GO) mostram que os casos de intoxicação por medicamentos apresentam crescimento nos últimos anos. Em 2016 foram registrados 1.924 casos; em 2017, 2.348 e, no ano passado, 2.373.
Maria Bernadete Souza Napoli, gerente de Assistência Farmacêutica da SES-GO, explica que qualquer que seja a doença, o tratamento deve ser bem entendido pelo paciente, seus familiares ou cuidadores, e seguido com rigor até o final de acordo com a prescrição médica e orientações recebidas. Doenças diferentes podem ter sintomas ou sinais parecidos ou até iguais, e é importante que o paciente seja conscientizado de que medicamentos indicados por outras pessoas, como amigos, vizinhos e parentes, mesmo que utilizados para os mesmos sintomas, podem ter efeitos prejudiciais à sua saúde. “O uso inadequado de medicamentos é uma causa importante de busca de atendimentos de urgência e emergência”, afirma Maria Bernadete.
Segundo ela, no Brasil, o uso incorreto de medicamentos deve-se comumente ao uso de vários medicamentos ao mesmo tempo, uso indiscriminado de antibióticos, prescrição não orientada pelo médico ou mal compreendida pelo paciente, automedicação e excesso de opções terapêuticas facilmente disponíveis comercialmente. “O uso inadequado de medicamentos lesa a população, desperdiça os recursos públicos., e não produz os resultados desejados”, diz a gerente.
Automedicação
Segundo pesquisa do Conselho Federal de Farmácia (CFF), por meio do Instituto Datafolha, divulgada em 30 de abril deste ano, o uso de medicamentos sem prescrição é comum a 77% dos brasileiros que se medicaram nos últimos seis meses. Quase metade (47%) se automedica pelo menos uma vez por mês, e um quarto (25%) o faz todo dia ou pelo menos uma vez por semana. Familiares, amigos e vizinhos foram citados como os principais influenciadores na escolha dos medicamentos usados sem prescrição nos últimos seis meses (25%), segundo a pesquisa do CFF.
A pesquisa do CFF aponta ainda uma nova modalidade de automedicação, a partir de medicamentos prescritos. Nesse caso, o paciente passou pelo profissional da saúde, tem um diagnóstico, recebeu uma receita, mas não usa o medicamento conforme orientado, alterando a dosagem receitada. Esse comportamento foi relatado pela maioria dos entrevistados (57%), especialmente homens (60%) e jovens de 16 a 24 anos (69%).
O relatório do CIT/SES-GO aponta que a automedicação, é a terceira maior circunstância que acarreta as intoxicações por medicamentos ficando atrás somente das acidentais e tentativas de suicídio.
Em caso de intoxicações, ligue para o CIT. O atendimento é 24 horas por dia, 7 dias por semana, com ligação é gratuita. Contato: 0800.646.4350
Uso racional de medicamentos
· Não dê e nem recomende medicamentos naturais (fitoterápicos) ou chás de plantas medicinais, pois também têm seus riscos. Eles devem ser prescritos por um médico, pois podem produzir feitos colaterais e ter contraindicações;
· Nunca deixe de ler o rótulo ou bula antes de usar qualquer medicamento;
· Não tome ou administre medicamento no escuro para que não haja trocas perigosas;
· Tenha atenção redobrada na época de férias escolares, quando as crianças permanecem mais tempo dentro de casa;
· Os remédios são ingeridos por crianças quando encontrados em locais de fácil acesso, deixados pelos adultos, portanto guarde-os em locais de difícil acesso para os mesmos, de preferência em local fechado com chave;
· Evite tomar medicamentos na frente de crianças;
· É importante que a criança aprenda que medicamento não é doce ou gostoso, para não tomá-lo quando tiver oportunidade;
· Não dê vidros contendo medicamentos para uma criança brincar;
· Prefira sempre os medicamentos que tenham tampa de segurança pra que as crianças não consigam abrir;
· Nunca guarde restos de medicamentos;
· Cuidado com medicamentos de uso infantil e adulto com embalagens muito parecidas. Erros de identificação podem causar tanto intoxicação em crianças como falta de eficácia em adultos.
Fonte: Centro de Informação Toxicológica da Secretaria da Saúde de Goiás (CIT/SES-GO)
Comunicação Setorial da Secretaria da Saúde de Goiás
Mais informações: (62) 3201-3784 / 3201-3816 / 3201-3811