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SEMA apresenta estudo técnico de projeções climáticas para DF e RIDE

Tendência de elevação da temperatura, umidade relativa do ar mais baixa, menor quantidade de chuva, concentrada em períodos mais curtos, mais tempestades e estação seca mais prolongada. Essas são algumas das conclusões do Estudo Técnico de Projeções Climáticas para o Distrito Federal e 29 municípios goianos e quatro de Minas Gerais que integram a RIDE, apresentado ontem (05/12) pela Secretaria de Meio Ambiente (Sema) a representantes da academia, de órgãos do GDF e da sociedade civil.

O estudo, a partir de modelagens brasileiras e internacionais, aponta diferentes cenários impostos pelas mudanças climáticas até 2100. A pesquisa também considerou nove bacias hidrográficas inseridas na região.

Realizada pelo Centro de Gestão de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (CGPDI), o trabalho integra o projeto CITinova, coordenado nacionalmente pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Comunicação e Inovação (MCTIC) e financiado pelo Global Environment Facility (GEF, sigla em inglês), em parceria com a ONU Meio Ambiente e o Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE). No Distrito Federal a iniciativa é coordenada pela SEMA.

Para o secretário do Meio Ambiente, Sarney Filho, o prognóstico é preocupante, mas ao mesmo tempo vai possibilitar a adoção de políticas públicas voltadas para a mitigação e adaptação aos efeitos das mudanças do clima. Para ele, citando a crise que o DF enfrentou em 2017, a consequência mais grave é a insegurança hídrica.

“Daí a importância de saber os cenários que nos esperam para que a gente possa desde já buscar soluções. Os estudos são baseados no que há de mais consolidado na ciência mundial”, afirmou.

Acompanhado da atualização do inventário de emissões de gases de efeito estufa no DF, o trabalho irá subsidiar a elaboração da estratégia de Enfrentamento às Mudanças do Clima do Distrito Federal, inserida nos Planos de Adaptação e de Mitigação, em desenvolvimento pela SEMA.

Sarney Filho disse ainda que as projeções climáticas auxiliarão outras análises, como o impacto das mudanças do clima nas bacias hidrográficas, nos usos múltiplos da água, na energia, nas atividades agropecuárias e no uso do solo, dando suporte à atuação do Governo do Distrito Federal.

AGROFLORESTA

Entre as iniciativas em desenvolvimento pela Sema, Sarney Filho destacou os Sistemas Agroflorestais (SAF) mecanizados nas Bacias do Paranoá e do Descoberto. O programa, implantado desde o começo do ano, tem como meta a consolidação de 20 hectares de SAFs até fevereiro de 2020.

Ele também chamou a atenção para a importância do Programa Produtor de Água, criado pela Agência Nacional de Águas (ANA) para incentivar o produtor rural a investir em ações que ajudem a preservar a água por meio do Pagamento por Serviços Ambientais (PSA). O programa estimula os produtores a investir no cuidado com as águas, recebendo apoio técnico e financeiro para implementação de práticas sustentáveis. Além do ganho econômico da sua produção, o produtor também melhora a quantidade e a qualidade da água da região, beneficiando a todos.

TENDÊNCIAS

De acordo com Chou Sin Chan, coordenadora técnica do estudo apresentado, a baixa umidade no DF deve ser agravada nas próximas décadas. ”A tendência é de redução da umidade relativa do ar dos atuais 35 a 55% para 20 a 45% no final do século”, informou.

Para a coordenadora geral da pesquisa, Iracema Cavalcanti, uma das recomendações possíveis a partir dos resultados é a necessidade do aumento da vegetação em toda a área do DF e RIDE. “Nas imagens dos mapas vemos grandes extensões com cobertura de arbustos e gramíneas, e poucas árvores”, disse.

Em relação às chuvas, os índices de precipitação mostram, com confiabilidade média a alta, uma redução na precipitação anual acumulada, um aumento do número consecutivo de dias de estiagem e uma redução do número de dias consecutivos chuvosos, comparado ao período histórico, em todas as áreas pesquisadas.

Os índices de temperatura indicam, com alta confiabilidade, uma redução no número de noites frias, aumento no número de noites quentes, redução no número de dias frios e aumento dos dias quentes. No final do século, as temperaturas poderão subir 3º em relação ao período histórico, entre 2 e 5°C no cenário mais otimista e entre 6 e 8ºC no pior cenário.

 METODOLOGIA

A pesquisa regionalizou os resultados de quatro modelos climáticos globais (MIROC5, HadGEM2-ES, CanESM2 e BESM) por meio do modelo Eta do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).

Foram também utilizados dois cenários de emissão de gases de efeito estufa, propostos pelo IPCC no seu Quinto Relatório: RCP4.5 e RCP8.5, com análises para três períodos futuros: 2011 a 2040, 2041 a 2070 e, 2071 a 2099. Como referência, foi utilizada a climatologia oficial do Brasil, considerando-se o período entre 1961 e 1990 e as variáveis meteorológicas de temperatura do ar, precipitação, vento, umidade relativa e radiação solar à superfície terrestre. A resolução espacial utilizada variou de 20 a 5 km para toda a região o que, em termos de estudos de clima, representa altíssima resolução.

Assessoria de Comunicação

Secretaria do Meio Ambiente