A preocupação em manter a higiene, limpeza e desinfecção nos ambientes domiciliares e no trabalho, em virtude da pandemia da Covid-19, provocou aumento no consumo de produtos de limpeza, como álcool em gel e água sanitária e o consequente aumento de incidentes ocasionados pelo uso desses produtos. Segundo dados do Centro de Informação e de Assistência Toxicológica (Ciatox), os registros de intoxicação no Brasil aumentaram até 23%, de janeiro a abril, me relação ao mesmo período de 2019.
E o principal motivo é o manuseio incorreto dos produtos químicos, alerta a Superintendência da Vigilância em Saúde da Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (Suvisa/SES-GO). Para evitar que tais acidentes aconteçam, a gerente de Vigilância da Suvisa/SES-GO, Eliane Rodrigues Cruz, recomenda a verificação de como utilizar esses produtos, evitando misturas perigosas, e ainda que seu armazenamento seja feito em áreas seguras, longe do calor.
Este ano, segundo Eliane, o Ciatox recebeu 1.540 registros de intoxicação com produtos de limpeza envolvendo adultos. Se comparados com os quatro primeiros meses dos dois anos anteriores, os números de 2020 representam alta de 33,68% e 23,30%, respectivamente. Em 2018 foram registrados 1.152 casos; no ano passado, 1.249. Entre crianças, foram 1.940 registros nos quatro meses deste ano, com aumento 6,01% e 2,7%, respectivamente, em relação aos quatro meses do ano passado (1.830) e de 2018, que somou 1.889 casos.
Ainda entre o público infantil, houve aumento também dos casos relacionados à intoxicação por álcool em gel. Dos 108 casos registrados este ano no País, 88 referem-se a crianças, ou seja, 81,48% de todos os registros. “Fica claro que o aumento de casos em 2020, em torno de sete vezes mais, em relação a 2018 e 2019, pode estar diretamente relacionado à pandemia do novo coronavírus, porque há um incentivo para higienizar frequentemente as mãos com álcool em gel, como forma de prevenir o contágio”, explica a gerente, ao ressaltar que os dados sobre intoxicações são limitados às notificações no Ciatox. Assim, a subnotificação representa uma limitação para o diagnóstico mais realista da situação.
Conjunto de ações
A equipe gerenciada por Eliane Cruz trabalha para evitar que tais casos aconteçam. “A Vigilância Sanitária estadual tem um conjunto de ações capaz de eliminar, diminuir ou prevenir riscos à saúde e de intervir nos problemas sanitários decorrentes do meio ambiente, da produção e circulação de bens e da prestação de serviços de interesse da saúde”, explica.
“A equipe atua em setores de medicamentos, alimentos, cosméticos e saneantes, com produtos para a saúde, para serviços de saúde e também com segurança de pacientes”, acrescenta Eliane Cruz, que relaciona algumas das principais recomendações para evitar o risco de acidentes com produtos de limpeza, tanto para crianças quanto para adultos (veja abaixo).
Cuidados contra acidentes
– Manter produtos de higiene e limpeza e álcool em gel fora do alcance de animais e crianças, principalmente entre 1 e 5 anos de idade, pois podem chamar a atenção delas.
– Evitar o armazenamento em recipientes diferentes e não etiquetados.
– Supervisionar as crianças, não permitindo que acessem ambientes onde tais produtos são armazenados.
– Não deixar detergentes e produtos de limpeza em geral debaixo da pia ou em chão de banheiro.
– Ler e seguir as instruções descritas no rótulo do produto.
– Evitar a mistura de produtos químicos.
– Garantir ventilação adequada quando for manusear o produto.
– Inutilizar embalagens vazias dos produtos, pois sempre sobram resíduos nelas.
– Jogue fora embalagens vazias separadas de outros lixos, de preferência em sistema de coleta seletiva.
– É suficiente lavar as mãos das crianças com água e sabonete, restrinja o álcool em gel para ocasiões em que a higienização não é possível.
– O álcool (em líquido ou gel) é inflamável e pode causar acidentes com fogo e eventuais queimaduras. Ao aplicar o álcool 70%, não fique perto de fontes de fogo e calor, mantendo o produto também longe dessas fontes.
– Em caso de emergências toxicológicas, não provoque vômito e tenha sempre disponível o número 0800-646-4350 do Ciatox Goiás.