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Sonho de ser professor vence problemas de saúde: conheça a história do primeiro surdocego formado em Pedagogia no Distrito Federal

Vencer obstáculos. Assim se definiu a vida de José Ricardo Moura Moreira. Logo no primeiro ano de vida, os médicos já apontavam que próximo aos 15 anos de idade José iria perder a visão. Ele não sabia ainda, mas isso poderia ser uma barreira para o seu nobre sonho: ser professor. Diagnosticado com retinose pigmentar, diabetes e surdez, ele superou os obstáculos que a vida o impôs. Em fevereiro de 2020, veio a conquista. José se tornara o primeiro surdocego a se formar em Pedagogia no Distrito Federal.

“A minha vida começou assim. Com um ano, eu comecei a andar e meus pais perceberam que eu tinha problemas de visão. Eles me levaram ao oftalmologista, que falou que aos 15 anos eu não iria enxergar mais”, conta. A luta da família para auxiliar José não cessou. Mesmo matriculado em escolas normais, ele já iniciou a alfabetização em Braile e, aos 14 anos já sabia ler e escrever na língua para deficientes visuais.

A esse ponto, ele já tinha perdido 40% da audição. Próximo dos 9 anos de idade, José pegou uma febre alta que afetou sua audição. “Eu precisei fazer uma cirurgia para colocação de carretel. Já não tinha mais boa parte da minha audição”, explicou.

Auxiliar em Braile

Após concluir os estudos do ensino médio, José não conseguiu arrumar um emprego facilmente e decidiu aposentar-se por invalidez. Voltou para a cidade dos pais em São João do Rio do Peixe, na Paraíba. Lá, passou algum tempo parado e, sob influência de amigos, decidiu fazer um curso de revisor de Braile. “Em 2008 comecei a fazer esse curso. Meu amigo falou que tinha uma vaga no Senado Federal. Fiz o curso e ele mandou meu nome para lá. Aí o Senado me contratou”, compartilha.

Realização do sonho

“José Ricardo é um Guerreiro. Um rapaz que sempre quis ser professor, e que superou as dificuldades na busca da realização do seu sonho”, afirma Fatima Ali Abdalah Abdel Cader Nascimento, primeira doutora em surdocegueira do Brasil. Ela acompanha José desde 2003. “Lutei para alimentar os sonhos dele”. Segundo ela, o apoio ajudou a direcionar José para o curso de Pedagogia do Centro Universitário IESB. Para ela, Brasília ganhou um excelente profissional. “O IESB formou um dos grandes professores que teremos na área”, explica.

O recém pedagogo conta que adentrou ao curso de graduação por meio da nota no Enem. “Eu fiz a prova e consegui entrar usando a nota do Enem. Os cinco anos que passei na instituição recebi muita ajuda e realizei um sonho que achava impossível”, comenta. Depois da superação, José já sabe o que vai fazer nos próximos anos de sua vida: “Agora, vou fazer educação e poesia”.