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Temperatura alta e umidade baixa exigem cuidados especiais com o corpo ‌

O Distrito Federal viveu seu dia mais quente do ano em pleno mês de novembro. Nesta terça-feira (14), os termômetros da Subestação de Águas Emendadas, em Planaltina, marcaram 37,3ºC. A alta temperatura ainda veio combinada a uma umidade muito baixa, que chegou à casa dos 15%, deixando a Defesa Civil e a Secretaria de Saúde (SES) da capital do país em estado de alerta.

De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), as condições climáticas extremas devem seguir até sexta-feira (17) – até lá, o DF e outros 15 estados brasileiros continuam em alerta vermelho. E, ainda que chuvas isoladas e alguma nebulosidade amenizem um pouco a temperatura, os termômetros não devem baixar dos 34ºC.

“Um sistema de alta pressão tem feito com que a superfície da atmosfera não consiga desenvolver nuvens”, explica a meteorologista Deyse Moraes, do Inmet. “Essa condição gera um tempo mais aberto, um céu mais claro… Faz com que as temperaturas se elevem e a umidade caia.”

O calor e a seca têm levado centenas de pessoas às unidades públicas de saúde do DF. Referência técnica distrital de medicina de família e comunidade, Camila Damasceno conta que a desidratação costuma ser a grande vilã, atingindo principalmente crianças e idosos, que precisam de auxílio para manter uma ingestão de líquido adequada.

“O corpo dá vários sinais de que está desidratado, e é preciso ficar atento a eles”, afirma Camila. “Urina escura e com cheiro forte, sensação de boca seca, com a garganta arranhando, dores de cabeça, tontura, enjoo e até dificuldade de concentração indicam que a pessoa precisa se hidratar.”

Em média, um adulto saudável deve consumir, por dia, cerca de 30 ml de água por quilo de peso corporal. Por exemplo: uma pessoa com 65 kg precisa beber quase 2 l de água diariamente para ficar bem hidratada. A médica ressalta, no entanto, que outros cuidados devem ser tomados para manter-se saudável em temperaturas mais altas do que o normal.

Confira alguns deles:
→ Mantenha portas e janelas abertas para que os ambientes fiquem mais frescos e ventilados. Se estiver ao ar livre, procure ficar na sombra para evitar a exposição ao sol;
→ Evite a prática de exercícios físicos das 10h às 16h. O conselho vale para os pets também – nos horários mais quentes, além de ficarem mais cansados, os bichinhos podem queimar as patas no asfalto;
→ Procure usar roupas frescas, feitas com tecidos naturais;
→ Prefira alimentos leves. E cuidado com as bebidas alcoólicas – uma cervejinha gelada pode ser refrescante, mas o álcool colabora para a desidratação do organismo;
→ Abuse do protetor solar e do hidratante corporal para manter a pele protegida e saudável. O mesmo vale para os lábios.

Driblando o calor

Onde quer que esteja, o ventilador virou companhia constante do salgadeiro Rosinaldo Santiago, 23 anos. No trabalho, os fornos da cozinha esquentam ainda mais o ambiente, exigindo que o circulador de ar funcione na potência máxima. Quando ele chega em casa, o aparelho não tem descanso, já que abrir as janelas não garante o refresco necessário para uma boa noite de sono.

Rosinaldo Santiago: “A gente acha que está acostumado ao calor, mas esses dias estão demais. Tenho bebido muito mais água do que o normal e mesmo assim o corpo está sentindo a temperatura mais alta”

“Tenho arrochado o ventilador mesmo, não tem jeito não”, revela o morador de Ceilândia. “A gente acha que está acostumado ao calor, mas esses dias estão demais. Tenho bebido muito mais água do que o normal, e mesmo assim o corpo está sentindo a temperatura mais alta. Tá atrapalhando até para pedalar, porque a gente cansa mais rápido.”

O economista Marcos Vinicius Dantas, 55, afirma que nunca sofreu tanto com o clima de Brasília. “Está péssimo, a gente já acorda exausto, não tem ânimo para fazer nada”, reclama. Se a situação está ruim para o morador do Lago Norte, imagine para seus dois cachorros da raça bernese, originária dos Alpes Suíços. Com sua pelagem farta e longa, Manolo e Ravena têm exigido cuidados especiais.

Marcos Vinicius Dantas com seus cachorros da raça bernese, Manolo e Ravena: “Eles costumam andar uns 4 km. Hoje, mal conseguiram completar 1 km” | Foto: Lúcio Bernardo Jr./Agência Brasília

“Estamos investindo em frutas como melancia para melhorar a hidratação”, conta Marcos Vinícius. “Além disso, liberamos os banhos de piscina e temos deixado os dois dormirem dentro de casa, no ar-condicionado”, diz. Na hora de passear com os pets, no entanto, não teve cuidado especial que desse jeito no calor. “Eles costumam andar uns 4 km. Hoje, mal conseguiram completar 1 km”, lamenta o economista.

Quem quiser receber os alertas da Defesa Civil pode se cadastrar enviando um SMS para o número 4019 com o CEP da residência

Diante da forte onda de calor, a Defesa Civil tem incluído dicas importantes nos alertas que emitem sobre as condições climáticas do DF. “Nessa terça [14], em São Paulo, um menino de 2 anos veio a óbito, porque foi esquecido dentro de uma van. Então, passamos a atentar para que tutores não deixem crianças e animais dentro de veículos estacionados. A temperatura sobe muito, e o risco de morte é grande”, avisa o capitão Renato Augusto Silva.

Quem quiser receber os alertas da Defesa Civil pode se cadastrar enviando um SMS para o número 40199. “Basta informar o CEP da residência”, ensina o capitão. “Sempre que as temperaturas superam os 33ºC e a umidade fica abaixo de 30%, geramos um alerta”.

Carolina Caraballo, da Agência Brasília | Edição: Carolina Lobo