Em meio à era da modernidade e da conectividade, a posse de veículos antigos tem se tornado cada vez mais rara. Entretanto, há quem mantenha carinho e apreço pelos automóveis a ponto de não conseguir se desfazer do bem adquirido em outra época. O valor sentimental que os carros têm para seus donos, em muitos dos casos, é inexplicável.
Amaury de Souza Santana, 54 anos, administrador de empresas, conseguiu o carro por intermédio do padrinho. O veículo é um Volkswagen Variant II de 1980 e estava há 10 anos parado. “O carro era do irmão do meu padrinho. Quando ele (padrinho) me levou para ver, não resisti e comprei. O veículo estava todo desmontado”, relata. Hoje o automóvel funciona normalmente. Foi batizado de Bastiana e ainda é utilizado por Amaury para trajetos particulares. “Assim que terminei de montá-lo, viajamos para Patos de Minas, em Minas Gerais”, explica. O administrador tem o carro há quatro anos.
Ele conta que desde criança tem contato com veículos, uma paixão adquirida do pai. “Ele já teve Jeep, Chevrolet 47, Aerowillys, Opala, Kombi, D10, D20. Eu sempre estive envolvido.” Amaury revela que, mesmo o carro sendo de 1980, não tem dificuldade de encontrar peças, até originais, nem para a manutenção do veículo.
Paixão por carros antigos
Amaury é casado e tem dois filhos, um de 28 anos e outro de 23, mas nenhum deles compartilha o mesmo sentimento por automóveis antigos. “Eles acham um absurdo e perguntam o porquê disso”, confessa. Nem a companheira dele se identificando com a ideia do marido. Mesmo assim, a mulher já o presenteou com outro carro antigo, uma Rural Willys, ano 1962, que acabou roubada.
Participante assíduo de eventos de carros antigos, Amaury considera que esses encontros são uma forma de desfilar com o carro. Ele já participou de inúmeros, até mesmo fora de Brasília. “Não importa se você tem ou não um carro, o importante é estar no céu. Já fui em encontros no Outlet, Parque da Cidade, Unaí, Formosa, Gama, Luziânia”, menciona.
O dono da Bastiana prevê um futuro longo e próspero com o veículo e não tem a intenção de se desfazer do carro. O próximo projeto que ele tem é prepará-la mecanicamente e fazer uma longa viagem.
Fabricação há mais de duas décadas
A relação entre Wagner José do Nascimento, 45 anos, e o Voyage CL 1994 começou em 2005, após um irmão do motorista indicar a compra do veículo por se tratar de um carro econômico. O proprietário conta que não possui dificuldades para realizar a manutenção do carro, mesmo que ele tenha sido fabricado há mais de duas décadas. “As alterações que fiz no carro foram para acrescentar acessórios, não envolveram a parte mecânica.”
Embora possua o automóvel há mais de 13 anos, Wagner conta que não realizou viagens nele durante esse período. Além disso, o dono do Voyage menciona que uma irmã não gosta do veículo e que ele já cogitou repassar o veículo para frente, porém mudou de ideia.
Diferentemente de Amaury, Wagner não costuma frequentar eventos de veículos antigos. Ele relata que já chegou a participar de apenas um encontro. “Não tenho o costume de ir à esses programas. Fui em somente um, que era realizado com outros donos de Voyage CL, o quadradinho”, explica
Como não possui outros parentes, além de um irmão, que compartilhe esse sentimento de carinho por carros mais velhos, o morador de Taguatinga pretende manter o automóvel sob posse dele. “Esse é o meu único carro e uso para fazer quase tudo”, reforça.
Por João Paulo de Brito e Luiz Fernando Santos
Sob supervisão de Isa Stacciarini