Uma equipe de basquete do Distrito Federal, de jogadores que vivem na Ceilândia, está com as malas arrumadas para o Rio de Janeiro. O time “Favela Vive”, formado por Gabriel Assis, Sérgio Magno, Ramom Bombom e Fernando Nandeja, conseguiu a vaga na seletiva para o Campeonato Brasileiro da categoria 3×3 (com apenas três jogadores titulares). O torneio, que acontece entre 9 e 11 de agosto, no Ginásio de Educação Física do Exército (no bairro da Urca), vai contar com 12 equipes. A seletiva, que garantiu a participação da equipe, ocorreu em julho em um shopping na Ceilândia.
Passada a seletiva, os jovens ainda se depararam com outro desafio: os custos para realizar a viagem até o Rio de Janeiro. Foi então que tiveram uma ideia ousada. Fazer uma “vaquinha” on-line e pedir ajuda nas redes sociais para tentar juntar o dinheiro até o dia da viagem.
“Começamos com a ‘vaquinha’, mas não estava dando retorno, algumas pessoas tentavam nos ajudar mas ficava dando erro na hora de efetuar o pagamento. Então buscamos outras formas, como vender rifas, fazer bazar, divulgação de vídeo pedindo ajuda, e por meio deste, conseguimos um patrocínio que nos ajudou bastante para conseguirmos viajar , da empresa Cachos Brasil , no qual somos muito gratos”, explicou Gabriel Assis, jogador de 21 anos do Favela Vive.
Gabriel Assis, mais conhecido como “Gelado”, já tem uma longa história no basquete. “Comecei a jogar basquete com 11 anos de idade, devido ao meu primo que já atuava no esporte. Por ser alto pra minha idade (1,97 metro), optei em deixar de treinar futsal e começar a treinar basquetebol na Ceilândia”, disse o atleta.
Gelado ainda se queixa sobre a falta incentivo no esporte. “As passagens de ida e volta para viajarmos, quem proporcionou foi o governo, mas acredito que mesmo assim, o incentivo ao esporte é pouco. Faltam projetos na periferias , faltam investimentos em locais públicos , bolsas atletas . Creio eu, que se fizesse um pouco de cada, já seria muito”.
Nesta categoria do basquete os times se enfrentam com 3 atletas cada e um reserva, e apenas um garrafão com cesta. O jogo rápido, o entrosamento e decisões influenciam diretamente na partida. “Foi bem tranquilo formar esse time porque como disse antes, nós crescemos juntos, treinamos juntos quando crianças, nos conhecemos há muito tempo, mas não jogávamos juntos desde então. Logo, topamos fazer um time para participar de competições federadas do distrito federal, pois nunca deixamos de acreditar no nosso potencial”, ressaltou Gabriel Assis.
A dificuldade de treinar
Conciliar os treinos, trabalho e faculdade é um dos desafios do time. Além da rotina corrida, o time enfrenta a falta de manutenção das quadras públicas. “O horário em que podemos treinar juntos é sempre de noite pois temos nossas obrigações como trabalhos e faculdade, mas, mesmo cansados, nos esforçamos pois sabemos da importância dessa competição. Nós treinamos nas quadras públicas, mas infelizmente são poucas as quadras que contêm uma tabela com aro, a maioria foi arrancada ou está torta”, esclareceu Gabriel.
Ajuda
O time do “Favela Vive”, por meio das redes sociais, conseguiu, além das passagens fornecidas pelo governo, o patrocínio da “Cachos Brasil”, um salão especializado em cabelos crespos e cacheados. “Conhecemos o time através de um dos integrantes. Nós gostamos muito do projeto e decidimos ajudar com patrocínio”, explicou a assessoria de imprensa da empresa que, conforme garante, investe em outros esportes na periferia. “Para nós é um meio de retirar as crianças, jovens e adolescentes que estão em situação de vulnerabilidade da rua e ensinar disciplina, respeito, trabalho em grupo e outros valores importantes para a sociedade”.
Por Guilherme Gomes
Foto: Arquivo pessoal
Supervisão de Luiz Claudio Ferreira